Reflexão Ideológica

31 dezembro 2006

Oração para 2007

ORAÇÃO P0R 2007
Senhor, venho à tua presença e a primeira coisa que tenho a pedir para o ano de 2007 é que me dê todo dia a consciência de que vivo diante de um Senhor. Sabe Pai, percebo que muitas vezes tenho vivido como se não tivesse um Deus sobre a minha vida. Um Deus que sonda e que conhece o meu coração, que me prova e conhece os meus pensamentos. Paro para pensar nisso e me sinto como um animal insano, pois muitas vezes tu me tens amado e me tens ajudado, principalmente por me revelar o amor de Jesus por mim, contudo, Senhor, ajo como se não fosse conhecido por ti e não tivesse conhecimento de ti.
Fiz coisas que não deveria ter feito e deixei de fazer muitas que deveria. Nas que fiz e que não deveria, fui muitas vezes dirigido pela ânsia de satisfazer meus próprios anseios como se fosse deus de mim mesmo. Nas que deixei de fazer, fui dirigido especialmente pela indiferença a quem vivia do meu lado e não dei atenção.
Por isso, termino o ano te pedindo perdão. Quero viver meus dias na absoluta consciência de que sou um servo e tu o meu Senhor.
Tenho algo mais a te pedir, Senhor. Ao ver os caminhos maus que insisto em manter no meu coração, por graça e misericórdia, guia-me pelo caminho eterno. Não me deixe à mercê de minhas próprias vontades, não me deixe caminhar pelos meus próprios caminhos, não me deixe realizar os sonhos que sonho distante de tua direção.
Ajude-me amar mais a ti, a mim mesmo, à minha família, ao próximo que eu conheço e até ao que não conheço. Quero ser mais sensível às pessoas que não têm as mesmas oportunidades que outras, às pessoas doloridas que nem sempre têm com quem partilhá-las, às pessoas que pensam não merecer mais atenção de ninguém e até mesmo àquelas que não merecem (se é que existe isso), às necessidades de minha cidade, Estado e País e à comunidade eclesiástica que tem me pastoreado.
Sabe Senhor, li o Tiago e ele me disse: A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo. Fiquei pensando, eu quero isso. Mas também pensei o quanto é difícil. Por isso, como os discípulos diante do padrão apresentado pelo Cristo eu peço: aumenta a minha fé.
Quanto ao mais, Senhor, que a tua misericórdia continue se renovando e que o teu Espírito continue me chamando para consciência de que vivo sob o senhorio e cuidado de ti.
Em nome de Jesus. Amém.

22 dezembro 2006

Entrevista dada ao site da IP de Aquidauana



"A IPA é casa de infância da qual tenho saudade"


Nascido em Dourados, MS, ele está há mais de 15 anos no pastorado de uma única Igreja. Foi estudante do Centro de Educação Rural de Aquidauana (CERA) e do Seminário Presbiteriano do Sul, onde concluiu o curso teológico. Já em Rondônia, onde pastoreia a Igreja Presbiteriana Gileade, fez psicologia na Universidade Federal. Trata-se de um filho querido da IPA. O nosso entrevistado da semana é o Rev. Aluízio Vidal Flor.

IPA - Muitos evangélicos condenam a relação psicologia-pastorado. Como psicólogo o que você diz?

Rev. Aluízio - Na verdade há muito mais uma manifestação de ignorância (no sentido de desconhecimento), do que mesmo de base para discordância teórica na maioria dos casos. A ignorância se dá primeiro porque há um mau entendimento quanto à presença salvadora de Cristo como sendo responsável pela cura de todas as áreas da vida humana, o que sabemos não ser verdade. Em segundo lugar é quanto à psicologia, pois, por ser uma ciência nova, e que trabalha com algo tão subjetivo como são as emoções, além de aparentemente ser área da religião, durante muito tempo atribuiu-se a ela uma mística de poder e sobrenaturalismo além da realidade.
Dessa maneira, com um pouquinho de estudo ou mesmo de conversa a maioria consegue perceber que psicologia é mais uma ferramenta para trabalharmos o ser humano que já é salvo, mas ainda está na terra vivendo todas as agruras naturais do primeiro céu e da primeira terra.

IPA - Você acaba de participar de uma experiência de militância política, com postulação de cargo. Qual a grande lição?

Rev. Aluízio - Creio que há uma sede enorme no mundo secular por uma voz profética viva, sem postulações de sucesso pessoal, mas com absoluto interesse na promoção de valores do Reino. Não creio em projetos messiânicos que uma ou outra pessoa encarne e que irão transformar o mundo. Mas creio que o evangelho tem sim propostas que influenciam e tornam a vida humana mais justa. Por isso, não podemos ficar à margem do processo discutindo o que os outros deveriam fazer, mas sim discutirmos a vida comunitária dentro da realidade externa à igreja. Quando assumimos essa postura com responsabilidade, as pessoas ouvem com carinho, respeito e até certa ansiedade. Estou aqui e sou co-responsável pelo que aqui acontece, por isso, não ficarei alheio às decisões na cidade.

IPA - Sua experiência ministerial é muito rica, devido a participação em vários ministérios e engajamento em vários projetos inter-denominacionais. Logo, os momentos marcantes são muitos. Poderia destacar um?

Rev. Aluízio - O Congresso de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas, os encontros de casais interdenominacionais e a manifestação ecumênica pela paz dentre tantos marcaram profundamente meu coração. Amo a idéia de que somos mais do que uma igreja local na prática e não apenas em palavras. Por isso, sempre que posso participo e Deus tem me mostrado sinais de sua presença em muitas comunidades irmãs.

IPA - O significado da IPA (Igreja Presbiteriana de Aquidauana) em sua história.

Rev. Aluízio - A IPA é casa de infância da qual tenho saudade. Por ela fui encontrado como criança no pasto com placenta ainda não limpa, adotado como filho nascido fora de tempo e levado a sentar entre os príncipes dos filhos de Deus. Nela recebi cem vezes mais pais, irmãos e amigos. Nela descobri o que é ser recebido, ouvido e abraçado por Jesus, num tempo que ou a igreja faria isso ou o mundo o faria. Ela fez. Cheguei a Aquidauana em 1984 com 15 anos e saí em 1986 com 18 anos: crente, treinado para o ministério pastoral, apoiado pela igreja para o Seminário e noivo com uma pessoa muitíssimo especial da comunidade. Fui sustentando financeira, espiritual e emocionalmente durante os quatro anos de seminário e até hoje chego às lágrimas só em escrever esse testemunho.

IPA - Você participou da última reunião do Supremo Concilio da IPB. Qual a impressão sobre a IPB a partir das discussões em seu maior fórum?

Rev. Aluízio - Os Concílios discutem aspectos ainda muito distantes da vida diária das igrejas locais. Continuo achando que estamos vivendo uma crise de relevância, experimentamos uma metodologia atrasada e inadequada e não percebemos a liderança discutindo realmente o que está acontecendo. Claro que temos honrosas exceções, porém, só servem para evidenciar a regra. Além disso, estamos nos fechando mais enquanto instituição maior, o que nos torna mais protegidos dos absurdos ideológicos que movimentam o mundo evangélico, mas ao mesmo tempo nos torna voz gritada dentro de um monastério denominacional, ou seja, só fazemos efeito para nós mesmos e pensamos que isso nos torna muito importantes. Em todo caso, há aspectos positivos que devem ser ressaltados, como uma relativa paz na convivência entre os líderes maiores. Mas o bom mesmo é estar vivendo a vida diária da igreja local, com seus desafios, lutas e alegrias que ela nos proporciona.



IPA - Tanto em RO como em MS se fala muito na urgência de um projeto de revitalização e crescimento das Igrejas. Em sua opinião, por onde começar?

Rev. Aluízio - Tenho a impressão que precisamos repensar nossa maneira de ser igreja: formação pastoral mais prática, facilitação na metodologia de plantação de igrejas, pastores participando dessa plantação inclusive com propostas novas de salários para esses pastores, adequação litúrgica às realidades regionais são algumas das urgências. Além disso, penso que o assunto evangelismo saiu de nossa linguagem e o assunto discipulado nunca entrou. Se isso tiver um pouco de sentido, precisamos refazer rapidamente e reorganizarmos nossas prioridades. As vezes sinto que continuamos discutindo a prioridade do Século XVI que era a redefinição doutrinária quanto à salvação pela graça, definição litúrgica e anteposição à Igreja Romana.


IPA – Sua palavra final...

Rev. Aluízio - Quero dar os parabéns à IPA pela sua capacidade de amar, cuidar e enviar como fez com tantos de nós que hoje somos pastores, pela capacidade de reorganizar-se após as crises como tem feito agora e pelas lideranças firmes que tem construído ao longo dos anos. Que o Senhor continue abençoando todos e todas que aí vivem.

Oração para 2006

Há um ano atrás fiz essa oração. Um ano depois, tendo a repetí-la, acrescentando um pedido de perdão pelo que deveria ter feito e não fiz.

Oração do Pr. Aluizio para 2006
Estive pensando sobre o que deveria pedir a Deus para o próximo ano. Cheguei à conclusão de que não quero muito, contudo, o que quero exige muito mais de mim do que dEle, então resolvi pedir que aumente minha fé e dedicação para alcançar esses objetivos.Estive lendo o Salmo 131 e resolvi pedir: Senhor me ajude a viver de modo simples. Pois é, quero em 2006 viver uma vida mais simples. Ler a Bíblia devocionalmente, viver mais tempo em minha casa, estar mais com minha esposa, brincar e conversar mais com minhas filhas, ler mais, teologizar mais minha psicologia e psicologizar mais minha teologia, perceber melhor o menos favorecido que vive ao meu alcance e dar-lhe atenção e carinho. Peço que me livre da correria, do desejo de ganhar “...grandes coisas e coisas maravilhosas demais para mim...”, quero apenas viver. Partilhar das amizades saudáveis que o Senhor tem me dado, ler poesia, brincar mais com crianças. Quero descansar no Senhor como uma “criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe.”
Sabe, como pastor e como psicólogo tenho ouvido tantas famílias sendo destruídas por buscarem o muito e terminarem encontrando o nada. Muito trabalho e pouco descanso, muita gente e poucos contatos de qualidade, muitas compras e pouco carinho, muitas dívidas e pouca paz, muito conhecimento e pouca sabedoria. As lágrimas de esposas e filhas à minha frente me fazem ver lágrimas no rosto de minha esposa e de minhas filhas por falta de meu carinho, tempo e dedicação. Senhor ajude-me viver de modo simples.
Estive lendo o Pai Nosso e resolvi pedir: Senhor não me deixe amar as tentações a ponto de querer cair nelas. Talvez você estranhe me ver escrevendo isso, mas é verdade. Muitas vezes os grandes problemas que tenho não são resultados das tentações que estão fora e sim do desejo interno de cair nelas. Quero viver vida mais santa. Quero desejar ardentemente obedecer ao meu Deus. A realidade de ser filho é maravilhosa, mas quero intimidade, quero comunhão, quero diálogo livre e aberto com meu Pai.Muitas vezes tenho descansado na certeza de ser filho e tem me faltado o desenvolver a salvação que Paulo diz. Sei que o Espírito tem feito a parte dEle nesse processo de santificação, mas sei que tenho deixado a desejar quanto à minha parte. As conseqüências disso são horríveis. Falta unção, falta poder, falta sabedoria. Sobra problema, sobra fraqueza espiritual, sobra negligência.
Senhor fortalece o meu eu interior para ter coragem de pagar o preço da obediência e assim, viver em paz contigo.
Finalmente, li Jesus dizendo “a minha comida e a minha bebida consiste em fazer a vontade do meu Pai.”. Diante da proposta de seus discípulos de que fizesse aquilo que é necessidade fisiológica natural, Ele respondeu que a maior necessidade que tinha era a de realizar a obra do Pai. Fiquei pensando: quanta desculpa invento para fazer minha obra particular antecedendo as coisas do Pai. Então resolvi pedir: Senhor ajude-me a te amarr com tanta intensidade que me envolva absolutamente com a tua causa. Essa história de amar o Senhor da obra e não amar a obra do Senhor é de uma incoerência impressionante e muitas vezes a tenho vivenciado.Aliás, tenho visto muito desses extremos. Uns amam muito a obra, outros amam muito o Senhor. Quero amar a obra como resultado do amor ao Senhor. Quero colocar minha vida à disposição dEle para que se utilize de mim e faça com que os dons que me deu sirvam realmente para o crescimento das pessoas que me cercam. Senhor dá-me vontade de fazer a tua obra da forma mais dedicada possível.
Percebi que não quero muito, mas concluí que quero muito... simplicidade, santidade e dedicação exigem muito sacrifício e um alto preço a ser pago. Será que quero isso mesmo? Talvez seja mais fácil pedir coisas objetivas demais: saúde, carro novo, aumento de salário. Talvez seja mais fácil pedir coisas subjetivas demais: paz para o mundo, Brasil melhor ou mesmo crescimento espiritual de nossa igreja.Senhor não sei nem pedir. Por isso, dá-me sabedoria para perceber o teu caminho e dá-me forças para trilhá-lho segundo a tua vontade.