Reflexão Ideológica

27 junho 2009

Cipriano: morreu um pastor, um amigo, um servo.

Hoje fui ao sepultamento do Pr Cripriano Não Sei do Quê, da Igreja Missionária Unida do Brasil. Não sei direito quem ele era para os outros, mas sei muito bem quem ele representava para mim.

O conheci como pastor. Desses pastores esquisitos que são tão raros hoje em dia, pois agora o normal é ser normal, ou seja, é estar dentro da fôrma criada para delimitar o que é ser isso ou aquilo. Ele não entrou na fôrma, por isso sua forma era meio estranha.

Quando cheguei em Porto Velho, em 1991, ele passava todas as manhãs de chapéu de palha, sandália, caminhando para reunião de oração no templo da comunidade que liderava. É, parece que começam por aí suas esquisitices... Um dia perguntou-me quem eu era e então se apresentou como pastor. Talvez por ver-me com apenas 22 anos teve pena de mim e me chamou para as reuniões do Conselho de Ministros Evangélicos de Porto Velho. E lá fui eu, feliz, me sentindo parte de um grupo tão digno. Na primeira oração em dupla ele orou comigo e por mim. Começou aí um pastoreio extra oficial, carinhoso, educado e daqueles de deixar a gente constrangido.

Com o tempo fui descobrindo que ele era não apenas um pastor. Era também um amigo. Outra esquisitice. Nem sempre os pastores se permitem ser amigos, talvez apenas colegas. Ele me ouviu várias vezes, inclusive sobre os pecados que eu cometia, e ainda assim continuava meu amigo.

Aí o tempo, os acontecimentos e o relaxamento de minha parte foi me afastando dele. E comecei a perder, pois nas esquisitices de sua forma de ser, de me pastorear e de ser meu amigo tinha muito a me ensinar.

Descobri, então, que ele era um modelo de servo de Jesus. Não procurava o primeiro lugar, era sempre muito educado, carinhoso, compreensivo, humilde, firme em suas convicções, amoroso, limitado, ocupado com pregação da palavra e com a salvação do próximo.

Hoje o vi ali, sendo sepultado e mais uma vez minha alma foi marcada, pela palavra de uma irmã sua que tive a honra de levar ao sepultamento, pelas atitudes de suas filhas e principalmente pela voz firme de sua esposa iniciando um cântico: "Como o rei Davi...".

É, morreu mais um esquisito. Jesus tem deixado tão poucos modelos entre nós na terra que as vezes bate uma agonia: onde estará mais um para que eu possa aprender como é ser servo, amigo e pastor?