ESTRANHEZA NA DEMOCRACIA
Aluízio Vidal
A jovem democracia
quebra seu recorde da quantidade de presidentes eleitos e empossados, mas nosso
povo ainda capenga nas estranhezas de se conviver com as diferenças e com os
direitos dos outros, basta acompanharmos um pouquinho as redes sociais.
Algumas verdades
precisarão ser reafirmadas todos os dias para que continuemos nosso processo de
amadurecimento democrático. Os resultados das eleições precisam ser
respeitados, oposição precisa existir, inclusive para o bem dos eleitos,
governos acertam e erram, não existem messias que resolvam todos os
problemas... enfim... essas características tão simples são naturais na
democracia e precisamos conviver com elas.
Nesse tempo de
transição de modelos precisamos aceitar que alguém ganhou e alguém perdeu. Fora
disso, o que temos são pontos de vistas (portanto,
vistas de um ponto), e precisamos respeitar o que o outro diz, pois é dito
de onde está posicionado ideologicamente. Porém, é extremamente saudável para o
viver democrático que se respeite a vontade da maioria, mesmo quando não se
concorda com ela.
Quem ganhou a
eleição precisa compreender, porém, que haverá oposição, de melhor ou pior
qualidade, mas haverá. É preciso que se discorde do governo, até porque, mesmo
as melhores decisões administrativas num ponto de vista, serão vistas como
horríveis em outro ponto de vista. É assim que funciona e não deve mudar,
portanto, que se acostumem com críticas, pois quem não se acostuma alimenta
ditadura e esta nunca é boa, venha de onde vier, seja qual for o seu viés.
Ninguém pode
imaginar que só existem coisas boas no meu espectro ideológico. Oposição que
valoriza só o que é produzido em seu campo é tão antidemocrática como Situação
que imagina que tudo que será feito em seu governo será bom. Governos acertam e
erram e, invariavelmente, desagradam inclusive quem neles votou, ou porque
acertaram ou porque erraram em suas decisões.
Criar expectativas
messiânicas para os novos executivos é coisa de gente imatura e são os
primeiros que se decepcionam, pois esperam e cobrarão coisas que os governos
não terão como resolver totalmente, pois são problemas encruados na história e
cultura de nossa gente, outros não serão resolvidos porque eles estão
comprometidos com quem os elegeu e/ou os sustentam politicamente, outros por
pura incompetência e por aí vai.
Criticar governos
e defender governos faz parte da democracia, porém, com extremo respeito.
Criticar e torcer pelo pior é irresponsabilidade social. Defender acriticamente
é fazer o que tanto criticou quando não se era governo. Portanto, radicalizemos
na democracia e aprendamos conviver com as diferenças, diminuindo as
estranhezas, pois a democracia tem eleições, mas não vive em eleições. É hora
de trabalharmos, torcermos pelos novos governantes, defendermos o que
acreditamos ser justo e criticarmos o que acreditamos ser injusto.