Reflexão Ideológica

10 outubro 2009

Pais e Educação Qualitativa dos Filhos e Filhas


A filosofia cartesiana, as revoluções francesa e industrial, o evolucionismo e o capitalismo exerceram influência em todas as áreas da vida humana, especialmente no Ocidente. Com a educação dos filhos não foi diferente: abrimos mão da ética a partir de Deus, criamos a escola, aprendemos quantificar o conhecimento através de notas, confundimos educação com preparação para disputa num mundo em que valemos pelo que produzimos e vendemos mais do que pelo que somos. Aí veio o que chamamos de progresso e acoplado a ele o caos do individualismo, do stress e da violência.

É nesse contexto que os pais precisam atuar como uma espécie de profeta que questiona o sistema e se inconforma com ele.

Não é possível que os filhos e filhas sejam criados de maneira quantitativa, ou seja, que uma criança de sete anos de idade, por exemplo, que vê no olhar dos pais uma forma de ser avaliada enquanto pessoa, seja mais admirada ou menos admirada porque tirou uma nota maior ou menor na avaliação escolar.

A escola está errada em avaliar crianças apenas por nota, principalmente na primeira infância, pois ela não está preparada para ver o mundo sob esse tipo de olhar e quando sua nota é baixa ela não consegue perceber que seu conhecimento foi avaliado e sim que ela foi avaliada. Se, ao chegar em casa, seus pais elogiam ou criticam a partir da nota ela começa se perceber mais amada ou menos amada caso produza mais ou produza menos.

No conceito evolucionista e capitalista de que "nessa selva medonha quem não almoça é jantado" isso pode ser perfeitamente aceito, mas no mundo subjetivo da criança que deseja ser amada pelo que é e não pelo que produz isso é de uma violência com consequências inimagináveis. Prova disso é o que acontece no Japão e Alemanha, que apresentam um sistema de educação altamente competitivo, estão entre os três maiores exportadores do mundo com altíssima tecnologia de produção mas também despontam entre as maiores taxas de suicídio do mundo.

Portanto, é mais do que hora dos pais entenderem que seus filhos e filhas precisam ser aceitos e recebidos em seus corações independente de sua produção escolar; que a escola precisa refazer sua forma de avaliar, pensando os alunos e alunas como pessoas e não como máquinas produtoras de lucro e consumismo; que filhos e filhas precisam ser criados para serem melhores e não maiores cidadãos e cidadãs.

Talvez fosse isso que Jesus queria dizer quando ensinava que no Reino de Deus quem quiser ser servido tem de aprender servir. Talvez também aquilo que é melhor no Reino de Deus sirva de exemplo e motivação para nossa vida em sociedade no tempo presente.