Reflexão Ideológica

31 março 2008

CONFORTOS ACIMA DA VIDA





Olhar para uma manifestação da natureza é sempre um prazer inigualável. Saber que o esforço humano em destruí-la é constante e real é sempre uma dor inenarrável.


A vida precisa ser buscada todos os dias como bem maior e precisa ser defendida como bênção a todos e não apenas a alguns. Quando, para defenderem seu próprio conforto, o poder dominante de um tempo sobrepõe-se à dominados e destrói essas manifestações da vida a morte ganha respeito e elege agentes.


Observar a história é perceber esse violento jogo do poder de alguns lutando por seu conforto e a tristeza de outros que, conscientes ou não, vão sendo aniquilados juntamente com a natureza indefesa.


Foi assim no passado e continua assim no presente. O ouro da América Latina, a força das tribos africanas e as terras dos indios alimentaram os filhos dos "nobres" europeus de ontem. Eles estudaram e dirigiram as novas decisões. Hoje, seus descendentes ensinam aos discípulos privilegiados de nossas plagas como deve se fazer para garantir seu conforto. E estamos aprendendo muito bem.


Terras indígenas continuam sendo invadidas, parques públicos continuam sendo dilapidados e ribeirinhos são forçados a deixarem terras em que foram criados e criam seus filhos em favor de nosso conforto.


Nossos casas precisam de mais conforto, nossas industrias precisam produzir mais matérias para exportação e nossos filhos precisam aprender melhor como fazer para se tornar confortavelmente mais ricos: destruir a vida em favor do egoísta interesse por conforto.


O ouro e prata de ontem precisaram ser roubados à custa de muita gente morta; o negro africano precisou ser explorado para carregar senhorinhas dos empresários da época; o índio de ontem precisou ceder suas terras para que novos senhores "produzissem" e assim tivéssemos mais conforto. Resumindo: a morte de muitos precisa continuar acontecendo para que os poucos sejam privilegiados.


Viver indiferentes a tudo isso hoje é simplesmente alimentar o processo e viver da morte de outros assim como o fizeram no passado. Precisamos procurar espaços de atuação e gritar em favor da vida, ainda que isso nos gere menos conforto.